terça-feira, 17 de março de 2015

PÔR AS PALAVRAS PARA ANDAR

 Dentro das Terapias Xamânicas, a contação de história é algo muito utilizado para atuar na mente, no emocinal e para incentivar boas ações. Abaixo, trago uma história indígena, adaptada, que traz valores universais e a relação da verdade com nosso campo energético!
     Paz, Shalom, Namastê!

   Esta é a história de uma tribo onde havia um ditado muito antigo: sempre que prometemos algo, ganhamos um fio, que é para nos lembrar da nossa promessa. Quando a gente faz aquilo que prometeu, esse fio nos ajuda a amarrar (fixar) nossas ações. Mas, se prometemos ou dizemos alguma coisa e não cumprimos, então esses fios ficam amarrados em nós e começamos a tropeçar neles!
    Nessa tribo, existia uma indiazinha chamada Kaila. O seu nome significava "alegria de viver", e ela realmente er amuito alegre e animada. Um certo dia, sua mãe lhe disse, bem cedinho, de manhã: "Kaila, vou precisar sair para pegar palha perto do rio. Amanhã é o casamento da sua tia e quero presentea-la com um lindo cesto".
    Querendo ajudar a sua mãe, Kaila disse: "Mãe, por que não me deixa ir ao rio buscar a palha? Prometo que vou correndo e volto num pulo". A mãe ficou feliz e consentiu, e a filha saiu feliz e saltitante. Chegando perto do rio, Kaila sentiu uma brisa fresca e gostosa, que vinha das águas, e como estava cansada, pensou que seria ótimo entrar rapidamente naquele maravilhoso rio.
     Mas a água estava tão gostosa que ela se distraiu e se esqueceu completamente do motivo pelo qual tinha ido até ali - buscar as palhas para sua mãe!


      De repente, ela ouviu uma voz: "Ei Kaila, venha aqui!" Era uma mulher da tribo, chamada Irací, que carregava um cesto cheio de frutas. A menina saiu da água e foi até ela. "Kaila, enquanto colhia essas frutas perdi minha pulseira favorita na mata, e só agora que me dei conta disso. Você pode ficar com o cesto enquanto eu volto lá para procurar minha pulseira?" Kaila, de boa vontade, respondeu: "Claro! Pode confiar em mim!" A índia ficou feliz e deixou o cesto com a menina. Depois de alguns minutos, porém, passou em frente à menina uma linda borboleta azul.era grande e brilhante, e Kaila começou a segui-la. A borboleta logo se embrenhou na mata e Kaila foi com ela, esquecendo-se totalmente das frutas.
   

     Então, enquanto corria atrás da borboleta, a indiazinha trombou com um índio da tribo, que lhe disse: "Kaila, que coincidência! Estava indo dar um recado à sua mãe. Sua avó está  um pouco doente e gostaria que sua mãe fosse visita-la. Você poderia, então, transmitir esse recado a ela?" A indiazinha, de prontidão, respondeu: "Claro! Vou correndo agora mesmo contar para minha mãe!" E saiu correndo para casa. Ao chegar lá sua mãe lhe disse: "Minha filha, por que você demorou tanto? E onde está a palha que você foi buscar? Não acredito que você não trouxe!"
    A mãe ficara muito triste, e a filha também. Tão triste que se esqueceu de dar o recado sobre a sua avó. Já era noite e Kaila se preparou para dormir. Ela mal tinha pegado no sono quando ouviu uma voz: "Minha filha, você se esqueceu o que ensina a nossa tribo? Veja só: você está toda amarrada em suas palavras não cumpridas! Trate de colocar as suas palavras para andar!"
   Kaila acordou assustada e pensou na palha, nas frutas e na avó. Então ela sentiu em seu coração que precisava fazer algo e cumprir com tudo aquilo que ela havia prometido. Ela saiu de fininho. Era noite, mas a lua cheia iluminava os caminhos da mata. Kaila foi até o rio e colheu as melhores palhas. Então, juntou, com cuidado, o cesto de frutas doces e suculentas, que havia abandonado, e voltou para a aldeia.
     Chegando lá, deixou as frutas na porta da oca da Irací e a palha ao lado da cama de sua mãe. Já era quase dia, e ela decidiu visitar a sua avó e lhe contar sobre sua aventura. Mas antes, esperou a mãe acordar e lhe contou que a sua avó estava doente. Ao estarem juntas, por fim, sua avó, tendo-a no colo, cantou-lhe uma canção, ensinada para ela, enquanto ainda criança, nas classes da aldeia. Um trecho ensinava assim: "Pensamento, palavra e ação, juntos na mesma direção, trazem paz e equilíbrio ao coração". E Kaila, contemplativa, percebeu em seu interior (em seu coração),  que o que a canção ensinava era Verdade.

    


segunda-feira, 2 de março de 2015

VEDAS E AYURVEDA

          É dito: "Anantho vai Vedaah" -  Os Vedas são infinitos! 
   E, de fato, os Vedas, mesmo sendo as mais antigas escrituras da humanidade, transcendem a sua própria transcrição, sendo considerados como eternos (Saanathana).
   Veda é uma palavra que deriva da raiz Vid, que compõe a palavra Vidya, significando "sabedoria", "conhecimento", ou mesmo "ciência". É importante frisar que não se tratam os Vedas de "escrituras indianas", pois, na verdade, são escrituras universais e tratam do ser Humano, da origem do universo e do conhecimento da vida.
   Os vastíssimos ensinamentos vedicos, antes transmitidos por via oral, em sistema de Gurukul (antigo sistema "escolar", onde o professor era na verdade um mestre espiritual, e o aluno, um discípulo) foram compilados/editados pelo sábio Vyasa, que os dividiu em 4 sessões: Rig, Sama, Yajur, Atharva.



   Sessões específicas dos Vedas tratam de assuntos tais como:

- Ayur-veda: Saúde
- Dhanur-veda: Artes marciais
- Sthapatya-veda ou Vastu: Arquitetura
- Gandharva-veda: Música, poesia e dança
- Jyotisha: Astrologia
- Kalpa: Regras dos rituais
- Shiksha: Pronúncia
- Vyakarana: Gramática
- Nirukta: Etmologia
- Chandas: Métrica 

 
 

 
     Ayur (vida), Veda (conhecimento), pode ser traduzido como "Ciência da Vida", da "Manutenção da Vida" e do "Correto Viver". Todas as terapias ayurvédicas seguem a mesma lógica de equilíbrio dos cinco elementos, buscando a manutenção, prevenção e recuperação da saúde. 
     Cada ser vivo (e também cada coisa) é uma manifestação da interação desses elementos. Assim, cada um de nós possui uma constituição natural, relacionada a esses elementos. A essa constituição chamamos de "Prakritti-Dosha'' (constituição de nascimento). Ao desequilíbrio desses humores (ar, fogo e água) dá-se o nome de "Vikritti- Dosha" (desequilíbrio atual). Nos textos clássicos da ayurveda, a palavra "dosha" pode significar "impureza, aquilo que traz desequilíbrio", ou "energia de constituição, relacionada aos elementos".
  

     
        

     
    Os que são mais "aéreos", intelectuais, mentais, dinâmicos, de rápida conexão de ideias, e, normalmente, de constituição física frágil, são passoas ligadas aos elementos Ar e Éter (Espaço) - No Sânscrito: VATA.
    Os de ímpeto firme, líderes natos, com inteligência racional e de constituição fisica mediana, são os conectados ao Fogo e à Água.  PITTA.
    Já os mais emotivos, amigáveis e amorosos, e de constituição física mais estruturada são os ligados aos elementos Àgua e Terra. KAPHA.


    A próxima postagem será exclusivamente sobre Ayurveda e os doshas (biotipos)  e algumas formas de equilibra-las. 
  E você sabe qual é o seu dosha de constituição? E sabe como se manter em equilíbrio?
     
      Paulo Thiago Moura
(Ayurveda e Terapias Complementares)